sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Crise dos Alimentos - A Fome Provocada

Postado em Maio de 2008. (No antigo Blog)
A Fome Provocada

A sociedade contemporânea aprende a valorizar cada vez mais o consumismo e o materialismo. Muitas pessoas estão acostumadas com luxuosidades e ostentações e acabam esquecendo-se de que o mundo, a medida com que se consume sofre mudanças radicais.
Uma grande onda de miséria no mundo vem à tona. Críticos de países desenvolvidos alertam a humanidade sobre uma possível crise mundial de alimentos. Mas o que é isso? Como está faltando alimentos para as nações pobres e miseráveis? Por que países da grandeza do Brasil, necessitam de pagar impostos tão caros ao alimentos, que são considerados básicos, nas mesas das grandes maiorias?
A fome do mundo é a nova grande fonte de lucros, fome do grande capital financeiro, e os lucros aumentam na mesma proporção que a fome. Mas como assim? A fome no mundo não é um assunto novo. A diferença é que hoje a grande maioria é informada de uma maneira alienada a respeito do que se acontece. A opinião pública é informada de que o surto da fome e o aumento bastante consideravel do preço dos alimentos é decorrente da escassez de produtos agricolas, cujo fenomeno esta diretamente relacionado ao aquecimento global, e as alteraçoes climaticas, aumento do consumo de cereais por parte da China e India, aumento nos custos de transportes devido a subida do preço do petróleo, entre outros fatores tao absurdos que nem valhe a pena serem sitados. Todos esses fatores colaboram sim para o problema, mas seria hipocrisia de minha parte nao lhes informar sobre o que realmente acontece.
Todas estas causas têm contribuído para o problema, mas não são suficientes para explicar que o preço da tonelada do arroz tenha triplicado desde o início de 2007. Estes aumentos especulativos, tal como os do preço do petróleo, resultam de o capital financeiro (bancos, fundos de pensões, fundos hedge [de alto risco e rendimento]) ter começado a investir fortemente nos mercados internacionais de produtos agrícolas depois da crise do investimento no setor imobiliário.
Em articulação com as grandes empresas que controlam o mercado de sementes e a distribuição mundial de cereais, o capital financeiro investe no mercado de futuros na expectativa de que os preços continuarão a subir, e, ao fazê-lo, reforça essa expectativa. Quanto mais altos forem os preços, mais fome haverá no mundo, maiores serão os lucros das empresas e os retornos dos investimentos financeiros.
Nos últimos meses, os meses do aumento da fome, os lucros da maior empresa de sementes e de cereais aumentaram 83%. Ou seja, a fome de lucros alimenta-se da fome de milhões de seres humanos.
O escândalo do enriquecimento de alguns à custa da fome e subnutrição de milhões já não pode ser disfarçado com as "generosas" ajudas alimentares. Tais ajudas são uma fraude que encobre outra maior: as políticas econômicas neoliberais que há trinta anos têm vindo a forçar os países do terceiro mundo a deixar de produzir os produtos agrícolas necessários para alimentar as suas próprias populações e a concentrar-se em produtos de exportação, com os quais ganharão divisas que lhes permitirão importar produtos agrícolas dos países mais desenvolvidos.
Quem tiver dúvidas sobre esta fraude que compare a recente "generosidade" dos EUA na ajuda alimentar com o seu consistente voto na ONU contra o direito à alimentação reconhecido por todos os outros países.
O capitalismo global tem de voltar a sujeitar-se a regras que não as que ele próprio estabelece para seu benefício. Deve ser exigida uma moratória imediata nas negociações sobre produtos agrícolas em curso na Organização Mundial do Comércio. Os cidadãos têm de começar a privilegiar os mercados locais, recusar nos supermercados os produtos que vêm de longe, exigir do Estado e dos municípios que criem incentivos à produção agrícola local, exigir dos governantes e das agências nacionais para maior segurança alimentar que: entendam que a agricultura e a alimentação industriais não são o remédio contra a insegurança alimentar.

Adaptação de "Fome Infame" de Boaventura de Sousa Santos

Por: Alice Cunha

E você companheiro e companheira, o que tem a dizer? Fica aqui um desafio: Qual solução você daria para esse problema? Deixe seu comentário e seu e-mail para entrar-mos em contato!

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